Páginas

domingo, 25 de dezembro de 2011

BORBOLETINHA

por Eliane Silvestre

Ela tinha
borboletinha no pescoço
e um olhar de cantinho
dirigido ao  bonito moço.

Ele não viu.
A escada subiu.
Ela não desistiu.
Como borboletinha,
seguiu.

 Talvez seja comprometido,
pensou ligeiro ela.
Talvez se ache demais.
Não terá visto
seu olhar pequeno, mas atrevido,
a espiar de forma tão bela
a criação de seus pais? 

O moço parou.
“- Ai que medo ruim! “-
ela suspirou.
“- Percebeu ele, enfim, meu olhar “
- se pôs a sonhar.
“- Lá vem ele!
Caramba, socorro!
Se falar comigo, eu morro.” 

Ficou paralisada.
No rosto, rubor.
E o coração, em fórmula um,
batia a cada passada.
Faminto de amor ,
ansiava  o desjejum. 

Ele chegou de mansinho
e segurou seu pingente.
Falou que achou bonitinho
a borboleta na corrente.

Ela pensou, desconfiada: “- Será?”
Ele seguiu perguntando:
“- To passada!”
Aonde posso encontrar
para comprar
a borboleta que está usando?”
Agora dúvida não há.

Em tic tac ,seu pensamento foi buscar
quanto tempo demorou
aquele trajeto
que sugeriu nascimento de amor
e acabou em aborto.
Amor-morto
ainda em feto.