por Eliane Silvestre
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por tras de paulistas janelas
por onde entra meu olhar candango
extasiado com a infinidade delas
está um joão ou uma maria
o joão que não para e faz de tudo
a maria mais romântica que anseia poesia
o joão que não fala, é quase mudo
a maria tão matraca que joão anseia ser surdo
o joão que é médico e sai com sono pro plantão
a maria que é doente e vai operar o coração
o joão operário da ópera que é tenor,
a maria bailarina que dançando opera poesia com amor
o joão que come a comida fria da marmita
a maria que para ficar bonita, come e vomita
o joão que trapaça em sua vida de senador e não tem sono
a maria pobre porém honesta que tudo devolve pro dono
o joão que só faz sexo por amor
a maria que quer é fazer não interessa com quem for
o joão que é nordestino
a maria que nega qualquer destino
ele veio do nordeste pra cá no caminhão do sonho
ela nasceu e morrerá aqui porque acha o mundo medonho...
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o joão, a janela, a maria
a janela, joão e maria, poesia
a janela, a maria, o joão
minhas janelas da carochinha
rumo a um fim andam na contramão
do meu olhar-janela, eu,poeta, espio sozinha
joões e marias que entram na janela do tempo
e atiçam meus olhos a voarem com o vento
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