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terça-feira, 8 de junho de 2010


DIA DOS NAMORADOS
Por Eliane Silvestre (em 2004)


Maria passa
e traz consigo
alguém no ouvido,
que fala quente,
no frio metal
do celular...
O corpo caminha ausente
e nem sequer sente
por onde seus pés vão passar...

Já o Zé passa
com alguém na mente,
que mais tarde vai encontrar...
O vento frio, nem sente...
O calor do futuro
vem esquentar
o presente.
Presente nem vai comprar.

Sentada num shopping, eu, quente, tomo café.
Bom dia ao dia que vai começar!
Olho para a Maria e para o José,
que dão de presente asas ao meu olhar.
O capitalismo ainda não abriu suas portas.
Numa delas, trabalha Maria,
mas as minhas já compram poesia
e vou desfazendo estas vontades tortas
de transformar amor em camisa, cd, livro
ou outro objeto qualquer.
Levanto e decido
apenas te dizer que sem ti eu não vivo
e que estou contigo para o que der e vier.