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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

DEPRESSÃO? NÃO!

Por Eliane Silvestre



Estou com semi-depressão.

Digo semi porque entre uma lágrima e outra

Ainda há alegria em meu coração.


A alegria é um vestígio

De uma Eliane que fui.

Agora ela fica no esconderijo,

Mas ainda me intui.


Não é mais

Aquela alegria escancarada

É menos

Agora com uma tristeza disfarçada.


Não preciso e não devo

Incomodar ninguém.

Nem tão pouco almejo

Que ela vá embora também.


Acho que agora sou mais verdadeira.

Não nego que de vez em sempre

A tristeza é minha companheira.

É ela que me faz não correr

Não correndo,

Penso...

Reflito...

Caindo, levanto e recomeço a viver!

E aí tudo fica mais bonito!

ENTRE A VIDA E A MORTE

Por Eliane Silvestre

No final da rampa da garagem,

a plantinha, com flor, cresce formosa.

Rodas passam e seguem viagem...

E ela segue viva na morada perigosa.



Cresceu na brecha do cimento

e não hesitou um só momento.

Medo nem pensar

porque não pode ouvir ninguém falar.



Talvez, se pudesse, ali não estaria.

- Sua vida tá por um fio! - alguém diria.

E, não acreditando no seu poder,

não passaria da pequena folha.

Nossa força para florescer

precisa sair da bolha...



Da bolha do medo, da insegurança.

E aí podem dizer o que for,

pensar negativo, falar maldade...

E você segue como a planta-flor,

brincando com a adversidade

e sonhando como a criança...

 

 (publicado no livro "Poemas de Mil Compassos" com 50 outros escritores de todo Brasil)

NANORAÇÃO


Por Eliane Silvestre


Senhor,

Vós

Que

Vês,

Dai-me

Voz

Para

Ter

Vez!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Encontrando os Mil Compassos

Iniciei meu projeto pessoal “Conheça cada UM dos MIL Compassos” e compartilho com vocês.


Há quem diga que peregrinar é um ato de fé. A vida por si só é uma peregrinação. Só estamos aqui porque acreditamos e continuamos seguindo na estrada. Acreditamos em toda a ilusão renovada a cada manhã. Acreditamos que temos que ir em busca de algo, que metamorfaseia-se conforme nossas crenças, nossos valores, nossa história pessoal etc.

Neste estanque momento de vida, único como todos os que foram e todos que virão, senti-me fazendo o Caminho da Compostela. Depois que escrevi isso, paro. Olho para a palavra e não pra expressão que nos remete a um significado que já ouvimos falar. Para mim, a relação se faz com um pintor. Sinto-me assim compondo uma tela. As pinceladas serão dadas pelo meu olhar. Será a materialização do meu olhar para cada um dos que vão caminhar comigo presos e livres nas páginas de um livro. Mas, na realidade, o nome Compostela tem origem na expressão “campus stellae” ou “campo de estrelas”, caminho com 800 km, localizado no norte da Espanha, que sabemos ser além de autoconhecimento, trekking desafiador, passeio pela história da Europa ou mero turismo.

No meu caso, o caminho se fez por uma curiosidade de sonhadora, Dostoievskiana, de olhar nos olhos de cada um deles. Um pedacinho de suas almas deixaram nas páginas do livro Poemas de Mil Compassos. Saboreei. Mas quero mais. Quero ser fada-madrinha de mim mesma, quando de súbito, após a publicação, me surgiu esta vontade de encurtar distâncias. E porque não?

Não tenho orçamento para fazer esta busca sistemática. Mas porque não encaixar o projeto nas viagens já programadas? Assim aconteceu. Indo para um curso em São Paulo, conheci Andrea Migliacci. Demorei a ligar para ela. Mas a voz alegre que me recebeu do outro lado da linha, chamou consigo um arrependimento até. Se pudesse voltar no tempo eu teria ligado logo no primeiro dia. A voz dela me soou como uma música agradável ao ouvido e aí veio logo a vontade de encurtar mais a distância já encurtada. Marcamos logo um encontro. Não era um encontro de amor como o vivido, diariamente, por milhares de internautas no mundo todo. Não de amor carnal. Mas mesmo assim a curiosidade deu a mão pra ansiedade e entrei no elevador do hotel junto com as duas. Através da porta de vidro, vi uma joaninha que me esperava: um Ka vermelho. Abri a porta. Encontrei um sorriso que mal coube no carro pequeno. Naquele momento.... nossa... sabe aquela chuva de estrelinhas que acontecem nos desenhos animados de contos de fadas? Pareceu isto! Senti uma sensação de extraordinário agradecimento que joguei no ar. E pode ser que tenha ido buscar o Elenilson. Percebi quantos bons amigos posso vir a ter ainda por conta da magia de um livro. Cada um com sua história que vou ter o prazer de testemunhar. Conversamos sobre tudo. Também sobre o livro. Encontramos tantas afinidades. Muitas delas em coisas que nos sentíamos ETs. “Até que enfim alguém que também sente assim” - formulou nosso pensamento ávido de eco. Tudo isto regado a uma comida pra lá de gostosa, no Restaurante Giardino. Depois não nos contentamos só com toda aquela sensação de conhecer a história uma da outra e resolvemos fechar a noite com a alegria. Pegamos uma sessão de meia-noite de stand up comedy no Teatro Folha, no Shopping Higienópolis.



E aí aviso! Você dos Mil Compassos, se não quiser encontrar comigo, se esconda... rsrsrs

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terça-feira, 8 de junho de 2010


DIA DOS NAMORADOS
Por Eliane Silvestre (em 2004)


Maria passa
e traz consigo
alguém no ouvido,
que fala quente,
no frio metal
do celular...
O corpo caminha ausente
e nem sequer sente
por onde seus pés vão passar...

Já o Zé passa
com alguém na mente,
que mais tarde vai encontrar...
O vento frio, nem sente...
O calor do futuro
vem esquentar
o presente.
Presente nem vai comprar.

Sentada num shopping, eu, quente, tomo café.
Bom dia ao dia que vai começar!
Olho para a Maria e para o José,
que dão de presente asas ao meu olhar.
O capitalismo ainda não abriu suas portas.
Numa delas, trabalha Maria,
mas as minhas já compram poesia
e vou desfazendo estas vontades tortas
de transformar amor em camisa, cd, livro
ou outro objeto qualquer.
Levanto e decido
apenas te dizer que sem ti eu não vivo
e que estou contigo para o que der e vier.