Páginas

segunda-feira, 27 de junho de 2011

TRÂNSITO LIVRE

por Eliane Silvestre

No engarrafamento,
enquanto   espero o carro voar,
voa  o meu pensamento. 

Meu  corpo está engarrafado,
mas   não aprisiona minh´alma
que  entra na escola ao lado. 
A janela da sala está aberta
e me deixa ver rostinhos conhecidos.
No passado, dou uma incerta:
quebra-queixo, maria-mole,
imagens, cheiros, gostos de tempos idos. 
Tempo em que observava as bolhas de sabão
e que mesmo sabendo que não durariam
 tentava caçá-las para vencer com a mão. 
Meus olhos  de criança
outras bolhas também buscavam.
Ainda trago na lembrança
as bolhas que as gotas da chuva formavam
Elas iam                                   e                                 vinham na poça,
de submarinos eu as chamava:
“- Vou viajar neles quando ficar moça!”
Até que algo me despertava.
Agora também é assim:
um ruído
e é o fim do passado pra mim.
É o sinal da escola que soa
e minha criança sabe bem o que quer dizer:
no coração infantil é a hora boa
da brincadeira ou lanche que vai fazer. 
Senti  todos  estes  gostos na alma,
tudo enquanto o trânsito estava parado.
Para mim mesma bato palma
e vejo que antídoto do stress
é ser sempre um ser alado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário