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quinta-feira, 7 de abril de 2011

janela para um poema sem fim

por Eliane Silvestre


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por tras de paulistas janelas

por onde entra meu olhar candango

extasiado com a infinidade delas

está um joão ou uma maria

o joão que não para e faz de tudo

a maria mais romântica que anseia poesia

o joão que não fala, é quase mudo

a maria tão matraca que joão anseia ser surdo

o joão que é médico e sai com sono pro plantão

a maria que é doente e vai operar o coração

o joão operário da ópera que é tenor,

a maria bailarina que dançando opera poesia com amor

o joão que come a comida fria da marmita

a maria que para ficar bonita, come e vomita

o joão que trapaça em sua vida de senador e não tem sono

a maria pobre porém honesta que tudo devolve pro dono

o joão que só faz sexo por amor

a maria que quer é fazer não interessa com quem for

o joão que é nordestino

a maria que nega qualquer destino

ele veio do nordeste pra cá no caminhão do sonho

ela nasceu e morrerá aqui porque acha o mundo medonho...

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o joão, a janela, a maria

a janela, joão e maria, poesia

a janela, a maria, o joão

minhas janelas da carochinha

rumo a um fim andam na contramão

do meu olhar-janela, eu,poeta, espio sozinha

joões e marias que entram na janela do tempo

e atiçam meus olhos a voarem com o vento

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