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sábado, 2 de abril de 2011

NO TREM, DE PASSAGEM

por Eliane Silvestre



Saiam pronomes possessivos!
Com vocês não quero amizade!
Minha busca é afastar-me dos abismos
do apego e da vaidade.
Meu, minha,
meus, minhas:
ilusões passageiras.
Enquanto o trem corre na linha,
não sei em que estação fico eu.
Não importa!
Nem quero pousar meu olhar na porta.
Dela poderá advir o breu,
Aos que entram, “gutiguti”, dou boas-vindas.
Aos que vão e amo,
o pranto engano.
Se vida tenho ainda, se não é finda,
obrigação tenho eu neste trem
de tornar minha viagem linda,
enquanto a parada final não vem.

2 comentários:

  1. Lindo, é inquieto esse poema.Agarrei ele com a alma, deve ter muito de você dentro desse trem, acho que vou pegar carona, seguir "em quanto a parada final não vem"
    bjs

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  2. Tem sim, Nielson. Muito da minha história que a morte pontuou levando tantos que eu amava. Mas quando a gente vive sem esquecer que a morte existe, realmente VIVE, saboreia. Fico feliz se vai pegar carona. Embora vc já estivesse tb neste trem, entendo que vc vai saborear. bjim de domingo.

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